Ciências: Brasileiro com câncer terminal terá alta após terapia genética pioneira obter sucesso pela 1ª vez na América Latina (4º bimestre)
Homem de 62 anos tinha linfoma e tomava morfina todo
dia. Pesquisa da USP-Fapesp criou método 100% brasileiro para aplicar técnica
norte-americana CART-Cell, que pode custar mais de US$ 475 mil.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/b/2/yld4a4ThOUuBQDzXVQDQ/whatsapp-image-2019-10-09-at-15.43.49.jpg)
médicos e pesquisadores do Centro de Terapia
Celular (CTC-Fapesp-USP) do Hemocentro, ligado ao Hospital das Clínicas de Ribeirão
Preto, apontam que o paciente está "virtualmente" livre da doença. Os
especialistas, no entanto, não falam em cura ainda porque o diagnóstico final
só pode ser dado após cinco anos de acompanhamento. Tecnicamente, os exames
indicam a "remissão do câncer".
Os pesquisadores da USP - apoiados pela Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de
Pesquisa (CNPq) - desenvolveram um procedimento próprio de aplicação da técnica
CART-Cell.
Essa técnica, ainda recente, foi criada nos EUA,
está em fase de pesquisas e é pouco acessível. No EUA, os tratamentos comerciais já receberam aprovação e
podem custar mais de US$ 475 mil.
O paciente submetido ao tratamento no Brasil é o
mineiro Vamberto Luiz de Castro, funcionário público aposentado de 62 anos.
Antes de chegar ao interior de São Paulo, ele tentou quimioterapia e
radioterapia, mas seu corpo não respondeu bem a nenhuma das técnicas.
Em um tratamento paliativo, com dose máxima de
morfina, o paciente deu entrada em 9 de setembro no Hospital das Clínicas em
Ribeirão com muitas dores, perda de peso e dificuldades para andar. O tumor
havia se espalhado para os ossos.
O prognóstico de Castro, de acordo com os médicos,
era de menos de um ano de vida. Como uma última tentativa, os médicos incluíram
o paciente em um "protocolo de pesquisa" e testaram a nova terapia,
até então nunca aplicada no Brasil.
A CART-Cell é uma forma de terapia genética já
utilizada nos Estados Unidos, Europa, China e Japão. Esse método consiste na
manipulação de células do sistema imunológico para que elas possam combater as
células causadoras do câncer.
Terapia genética
A estratégia da CART-Cell consiste em habilitar
células de defesa do corpo (linfócitos T) com receptores capazes de reconhecer
o tumor. O ataque é contínuo e específico e, na maioria das vezes, basta uma
única dose.
Rápida melhora
Segundo os médicos, Castro respondeu bem ao
tratamento e logo após quatro dias deixou de sentir as fortes dores causadas
pela doença. Após uma semana, ele voltou a andar.
"Essa primeira fase do tratamento foi
milagrosa", disse ao G1 o hematologista Dimas Tadeu Covas,
coordenador do Centro de Terapia Celular (CTC-Fapesp) e do Instituto Nacional
de Células Tronco e Terapia Celular, apoiado pelo CNPq e pelo Ministério da
Saúde.
"Não tem mais manifestação da doença, ele era
cheio de nódulos linfáticos pelo corpo. Sumiram todos. Ele tinha uma dor
intratável, dependia de morfina todo dia. É uma história com final muito
feliz."

Comentários
Postar um comentário