Mundo: O acordo que encerrou 20 anos de guerra civil e rendeu Nobel da Paz ao premiê da Etiópia (4º bimestre)
Abiy Ahmed recebeu o prêmio por seus esforços para
'alcançar a paz e a cooperação internacional'.
O vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2019 foi o primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed, responsável
por um acordo de paz da Etiópia com
a Eritreia. O acordo
encerrou um impasse militar de 20 anos, que vinha desde uma guerra na fronteira
que durou de 1998 a 2000.
Abiy Ahmed recebeu o prêmio por seus esforços para
"alcançar a paz e a cooperação internacional". Ele foi nomeado como
vencedor do 100º Nobel da Paz em Oslo, onde receberá em dezembro o prêmio no
valor de 9 milhões de coroas suecas, ou US$ 900 mil (o equivalente a R$ 3,7
milhões).
Foram indicados 301 candidatos para o prestigiado
prêmio, incluindo 223 indivíduos e 78 organizações. Entre os favoritos, estava
o cacique brasileiro Raoni, líder do povo caiapó e reconhecido como um dos
maiores ativistas da causa indígena no mundo.
Depois de se tornar primeiro-ministro, em abril de
2018, Abiy Ahmed promoveu grandes reformas liberalizantes na Etiópia, que era
um país fortemente controlado.
Ele libertou milhares de ativistas da oposição da
prisão e permitiu que dissidentes exilados voltassem para casa. Mais importante
ainda, ele assinou o acordo de paz com a Eritreia.
No entanto, suas reformas também reforçaram as
tensões étnicas da Etiópia e a violência resultante forçou cerca de 2,5 milhões
de pessoas a abandonarem suas casas.
Conflito com a Eritreia
Abiy foi premiado por sua "iniciativa decisiva
para resolver o conflito de fronteira com a vizinha Eritreia", segundo o
comitê responsável pelo prêmio.
"O prêmio também deve reconhecer todas as
partes interessadas que trabalham pela paz e reconciliação na Etiópia e nas
regiões leste e nordeste da África", disse o comitê.
"A paz não surge apenas das ações de uma parte.
Quando o primeiro-ministro Abiy estendeu a mão, o presidente (eritreu Isaias)
Afwerki aceitou e ajudou a formalizar o processo de paz entre os dois países. O
Comitê Nobel da Noruega espera que o acordo de paz ajude a trazer mudanças
positivas para toda a população da Etiópia e da Eritreia."
O gabinete de Abiy disse que o prêmio é um reconhecimento
"dos ideais de unidade, cooperação e convivência mútua que o
primeiro-ministro defende".
A guerra de fronteira
Duas décadas se passaram desde que dois dos países
mais pobres da África começaram a guerra de fronteira mais mortífera da
história recente do continente.
O conflito entre a Eritreia e a Etiópia deixou
dezenas de milhares de mortos ou feridos em apenas dois anos. Apesar de um
armistício assinado em dezembro de 2000, os dois lados continuaram em pé de
guerra por muitos anos.
A guerra começou em 6 de maio de 1998, iniciada por
uma batalha pelo controle da cidade fronteiriça de Badme. A cidade não tinha
petróleo nem diamantes, mas, mesmo assim, a Eritreia e a Etiópia a disputavam.
Na época, a guerra era descrita como "dois
homens carecas brigando por um pente".
À medida que a guerra cresceu, também aumentou o
deslocamento em massa das comunidades, o que destruiu famílias dos dois lados.
Além disso, o impacto econômico também foi significativo.
A guerra terminou em junho de 2000 e depois foi
assinado um acordo de paz, estabelecendo a Comissão de Fronteira
Eritreia-Etiópia. No entanto, a decisão final, 18 meses depois, de conceder
Badme à Eritreia não foi aceita pela Etiópia sem as condições prévias ou novas
negociações. E a Eritreia, por sua vez, se recusava a conversar com Etiópia.
Em 2018, o então recém-eleito primeiro-ministro
etíope, Abiy Ahmed, pediu uma resolução pacífica do impasse.
Ele suspendeu o estado de emergência e desbloqueou
centenas de sites e canais de TV que estavam sob censura.
Abiy Ahmed também colocou fim ao estado de guerra
com a Eritreia, concordando em desistir da disputa pelo território fronteiriço,
durante o processo de normalizar as relações com o inimigo de longa data.
Mas há oposição em relação ao ritmo da mudança. Em
junho de 2018, Abiy foi alvo de um ataque, com duas pessoas mortas em uma
explosão em um comício de apoio a ele. Também há oposição a ele na Província de
Tigray, que costumava dominar o país.
Abiy Ahmed se tornou primeiro-ministro em 2 de abril
de 2018, após a inesperada renúncia de Hailemariam Desalegn. Em maio, liberou
milhares de detidos políticos, incluindo o líder da oposição Andargachew Tsege.
Em junho, ele concordou em aceitar a decisão que concede território de
fronteira à Eritreia.
Ao lado do presidente da Eritreia, ele declarou o
fim da guerra entre os dois países em 9 de julho. Em setembro, reabriu a
fronteira terrestre com a Eritreia. Já em outubro, nomeou mulheres para metade
dos cargos ministeriais.
Fonte:
Site do G1
Comentário:
É muito bom saber que esse pais não
está mais em guerra . Enquanto outros ainda estão em guerra esse não está
mais , e isso pode acabar fazendo com que outros lugares percebam que essa não
é a melhor opção para eles e sua população .
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